Um poema que partilho de Daniel Cruz Filho, Canto do Homem no Kósmos
“à pedra hei de permitir único destino: reencarnação de grão em grão, contínua salina; e tudo — resíduos de pedra — a que se destina? palmilhando o Saara sob o inclemente sol aportei — cercado de toda a gente — no meu deserto: era o inferno, a sagrada maldição — eu, em caracol, incerto a pedra avalia a minha aventura: se faço versos com gentil candura ela me mostra o avesso da brandura a pedra avalia a minha aventura: sou lânguido trânsito, a pluma no ar, ela, o nó definitivo, fogo de estrela a brilhar mais que pedra, ela somente pedra, (são tantas as cores e formas) só para rimar: desejo uma mulher Fedra inscrita na pedra a síntese da semente ao sopro de vida na chama da vela e entre uma e outra o tempo da rosa amarela ei-la pedra: toda ela me fascina, mas o que assaz a ilumina é a fenda eterna, precipício a me mergulhar pedra tibetana, pedra de corais elaborando no mar a ilha, o atol, espelhando a luz noturna de um sol outono, a folha solitária apodrece mas sei renascerá pedra: é na pedra que o tempo amanhece e esmaece é no pedra que o espaço descreve seu vôo, seu arco circunflexo: a bela íris de um tigre refletindo a imagem da caça mas tudo passa, tudo passa, até o doce murmúrio do vento afagando lá fora a folha solitária agora”
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Um poema que partilho de
Daniel Cruz Filho, Canto do Homem no Kósmos
“à pedra hei de permitir único destino:
reencarnação de grão em grão, contínua salina;
e tudo — resíduos de pedra — a que se destina?
palmilhando o Saara sob o inclemente sol
aportei — cercado de toda a gente — no meu deserto:
era o inferno, a sagrada maldição — eu, em caracol, incerto
a pedra avalia a minha aventura:
se faço versos com gentil candura
ela me mostra o avesso da brandura
a pedra avalia a minha aventura:
sou lânguido trânsito, a pluma no ar,
ela, o nó definitivo, fogo de estrela a brilhar
mais que pedra, ela somente pedra,
(são tantas as cores e formas)
só para rimar: desejo uma mulher Fedra
inscrita na pedra a síntese da semente
ao sopro de vida na chama da vela
e entre uma e outra o tempo da rosa amarela
ei-la pedra: toda ela me fascina,
mas o que assaz a ilumina
é a fenda eterna, precipício a me mergulhar
pedra tibetana, pedra de corais
elaborando no mar a ilha, o atol,
espelhando a luz noturna de um sol
outono, a folha solitária apodrece
mas sei renascerá pedra: é
na pedra que o tempo amanhece e esmaece
é no pedra que o espaço descreve seu vôo,
seu arco circunflexo: a bela íris
de um tigre refletindo a imagem da caça
mas tudo passa, tudo passa,
até o doce murmúrio do vento
afagando lá fora a folha solitária agora”
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